sábado, 1 de fevereiro de 2014



“SEMEAR PARA COLHER”


Esperando a nova aurora renascer
Andamos neste  mundo atarefados
Com imensas canseiras e cuidados
Mas com tanto trabalho por fazer!


Desprezamos as terras sem querer!
Há tantos olivais abandonados
Alfarrobas e amêndoas, espalhados
Não se planta ou semeia para colher!


Quem conhece hoje o sacho e a enxada?
E a foice que já está abandonada!
Já não se usam pás e picaretas!


E a nova aurora já trepou p’lo monte
Já não se bebe mais naquela fonte!
Sem ovos não se fazem omeletas!



                                               João da Palma


“PRAXADOS DOS PARAFUSOS”


Dux, o que fizeste tu?
Praxaste, achas bom serviço?
Se fosses levar no c…
Ganharias mais com isso!


Levaste às ondas seis vidas
Mas, tu não foste com elas!
Tornaste em almas sofridas…
Nunca mais te lembras delas!


Seis crimes de uma só vez!
Diabólicas, empraxadas!
São horas de malvadez,
Atitudes desgraçadas!


Mas que raio de gente é esta?
Matam a frio sem sentir!
Nesta gente nada presta,
Nem deviam existir!


Na sociedade apareceram,
Garrochos e obtusos…
Parece que já nasceram
Praxados dos parafusos!



                                 João da Palma


“2º DESDE O PASTOR AO GANHÃO”


Eram tais as profissões,
Que no Monte de Tacões
Toda a gente se mexia…
Alfaiates, sapateiros,
Lavradores, fazendeiros
E outras tarefas havia!


Os pentes para os teares
Para todos os lugares
O meu pai era o artista…
Além de ser Alfaiate,
Ele ia sempre ao combate
Nas artes que ele sabia!


Recordo o Sapateiro
José Augusto o primeiro
Na arte do bom calçado!
Não faltavam profissões
Em Martinhanes, Tacões
E Penilhos ali ao lado!


Bons abegões e Ferreiros
Tecedeiras e Pedreiros
E profissões de sobejo…
Toda a gente trabalhava
Aquelas terras, lavrava
Era assim o Alentejo!



                               João da Palma


“1º DESDE O PASTOR AO GANHÃO”


Cavacos eram tanganhos…
Todos de vários tamanhos,
Troncos de estevas caídos
Pelos matos espalhados
Em feixes, e transportados
Nos “chupões” eram ardidos!


A esteva era a energia
Dentro das casas ardia
Era lareira e fogão
Nos monturos, em braçados
Eram lá depositados
Reservas de Inverno e Verão!



A água vinha do poço
Inda me recorda em moço
Como era transportada!
De enfusas à cabeça,
Por estranho que pareça
Como vinha equilibrada!


Toda a gente trabalhava,
Mondava, também ceifava
E o trigo era o nosso pão!
Às terras havia apego
Não havia desemprego
Desde o pastor ao ganhão!


                              João da Palma




“PODRE SOCIEDADE”


Mote:
Nesta podre sociedade
O mundo, é bola que gira!
O que hoje é verdade,
Amanhã já é mentira!


Glosas:
Nesta podre sociedade
A honra sofre demais!
Porque tem necessidade
De afirmar traços reais


Entre malandros, velhacos
O mundo, é bola que gira!
Roda sempre contra os fracos,
A justa razão lhes tira!


A esfera da falsidade
Atulhada em vigarice,
O que hoje é verdade
P’ro justo, é uma aldrabice!


Onde um corrupto entrou
É como a dança do vira…
O que hoje a honra afirmou,
Amanhã já é mentira!



                           João da Palma


“NADA SABEMOS”


Mote:
Valha-me Deus, nós dizemos,
E também, se Deus quiser!
O que isto quer dizer,
Até hoje, nada sabemos!


Glosas:
Valha-me Deus, nós dizemos,
Conforme, fomos ouvindo
Bem ou mal vamos seguindo
Até que um dia, morremos!


Olhando o céu, suplicamos
E também se Deus quiser!
Pedimos, o que se quer
Mesmo que não recebamos!


Assim nesta situação
Damos voltas, sem saber
O que isto quer dizer!
Nem existe confirmação!


Cemitérios, se observemos
Milhões foram a enterrar
Sem ninguém se levantar…
Até hoje, nada sabemos!



João da Palma


“LINHAS TORTAS”


Amigo, como é que entraste
Nestes catorze, e deixaste
Os treze fora da norma?
Espero que tivesses entrado
Bem, e não fosses cortado…
No ordenado ou reforma!


Que o ano comece bem
E que não falte a ninguém
O que no treze faltou!
Haja mais trabalho e pão,
Que vão todos p’ra prisão
Quem este povo roubou!


Que em cada mês, cada dia,
Haja paz e alegria,
Saúde e algum trocado!
Que a justiça seja feita
Mais isenta e perfeita…
Em defesa do honrado!


E, que até ao fim do ano
Haja mais calor humano
Desse frio; que nos gelaram!
Cortem Passos…fechem Portas…
Alinhemos linhas tortas…
Que estes Burros…entortaram!



João da Palma

ARDÒSIA (A minha Tablet...)


ARDÓSIA (PEDRA)
(A minha Tablet…)


Naqueles anos quarenta,
Quando não havia Net…
Tal como se apresenta
Era a minha Tablet…


Comecei na escola aos sete…
Fica aqui o meu registo!
Era a minha Tablet…
Aquela Ardósia de xisto!


Pedra ou Ardósia, em Tacões
Lápis de pedra, escrevia…
Ditados e redacções,
Pois nem sebentas havia!


Tirava a prova real,
Com a minha Tablet…
Aprendi em Portugal
O que hoje, seria um frete…


Vida de crise era aquela!
E hoje, a rapaziada…
Com Tablet… ou sem ela…
Não sabem a tabuada!



João da Palma

"EUSÈBIO"

“EUSÉBIO”


Morreu o “Pantera Negra”
Eusébio da Silva Ferreira
Ficou dele, bem viva regra…
Ser o Maior na “Chuteira”


Foi campeão Nacional
E não tem comparação…
Elevando Portugal,
No Clube do coração!


Foi aqui, no seu país
Que foi enorme e brilhou
Benfiquista de raiz,
Patriota se afirmou!


Foi Águia sempre no peito,
Foi Verão e Primavera!
Foi esposo e pai perfeito…
Foi Artilheiro, foi Pantera!


Foi Superior, fez história
No futebol, sem igual!
Merece ir com sua Glória!
Para o Panteão Nacional!



05-01-2014, João da Palma