sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O RAPAZ E O VELHO

O RAPAZ E O VELHO

Rapaz:
Tens muitos anos; e então?
Ó meu velho resmungão…
Esquecido da rapaziada…
Não queremos os teus conselhos
Idosos são trapos velhos
Que já não prestam p’ra nada.

Velho:
És jovem inexperiente,
Andas alegre e contente,
Não sabes avaliar…
Quem trabalhou toda a vida
P’ra tu teres à medida
Do que precisas gastar!

Rapaz:
És figura do passado
Da cena desactivado
Não passas de uma quimera…
Como uma folha caída,
És o Outono da vida
Que não é mais Primavera!

Velho:
Ainda não reparaste,
Tu que nunca trabalhaste
Nem produziste um tostão?
Não conheces o valor
Ao velho e trabalhador,
Das mãos que te amassa o pão!


14-02-09, João da Palma

domingo, 15 de fevereiro de 2009

AS ALMAS PARA ONDE VÃO?

AS ALMAS PARA ONDE VÃO?


Mote:
Todos temos que morrer
E não passamos do chão…
Ainda falta saber!...
As almas para onde vão?


Glosas:
Em dada altura nascemos
Para a vida, cada um…
Inda não sabe nenhum
Depois para onde iremos
Na terra, já o sabemos
Que termina o nosso Ser…
Qualquer modo de viver,
Seja rico ou seja pobre,
E ainda plebeu ou nobre
Todos temos que morrer

Sepultado em campa rasa…
Ou em jazigos dourados,
Todos seremos finados
Jamais voltamos a casa
Toda a vastidão se arrasa
Mergulhamos na solidão
Não somos mais condição
De vida, no Universo
Não voltamos ao reverso…
E não passamos do chão


Até aqui tudo certo
Entre a vida e a morte
Nem aquele com mais sorte
Mais parvo, ou mais esperto
Não terão o céu aberto
Para lá os receber
O que vai acontecer
À alma futuramente,
Não sabe nenhum vivente,
Ainda falta saber!...

Entre o céu e o inferno
Ainda não vimos os dois
Nem se afirmará depois
Qual será o mais fraterno
E se houver algum eterno,
Como reza a oração,
Vem esta interrogação
Numa pedrada ao assunto
E, deste modo eu pergunto
As almas para onde vão?

09-02-09, João da Palma

domingo, 8 de fevereiro de 2009

LAVRANDO

CEGO À REALIDADE

CEGO À REALIDADE


Mote
Todos querem um canudo…
P’ra viver mais à vontade
Neste mundo surdo e mudo
E cego à realidade!...


Glosas
Todos querem um canudo
Ter do bom, e consumir
E obter na vida tudo…
Sem precisar produzir!


Esquivar-se a “vergar a mola”
P’ra viver mais à vontade
Nem que seja até na bola…
Se tiver habilidade!


Mãos limpas como veludo…
Comer, beber e gozar
Neste mundo surdo e mudo
Já ninguém quer trabalhar


Se não muda de figura
O homem, foge à verdade
Sem pesca e agricultura
E cego à realidade!...


08-02-09, João da Palma

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

FOTO DE ANTÓNIO ALEIXO

TESTAMENTO

TESTAMENTO


OS MEUS VERSOS O QUE SÃO?
DEVEM SER, SE OS NÃO CONFUNDO
PEDAÇOS DO CORAÇÃO
QUE DEIXO CÁ NESTE MUNDO
(quadra de António Aleixo)


“Este livro que vos deixo”
Desse Poeta de então…
Muito bem, disse o Aleixo
OS MEUS VERSOS O QUE SÃO?


Serão dotes de excepção…
Dum poeta moribundo?
Carisma, ou revelação,
DEVEM SER, SE OS NÃO CONFUNDO


Excelente criatura…
De enorme imaginação
Deu-nos a alma e ternura
PEDAÇOS DO CORAÇÃO


Morreu com conhecimento
Talvez dissesse no fundo…
Este é o meu testamento…
QUE DEIXO CÁ NESTE MUNDO


19-11-08, João da Palma